sexta-feira, 18 de junho de 2010

Mais feliz

Senti minha alma levitar como nuvem que se esquece de parar de crescer, feito vontade que se entrega no tremor das pernas, e deixa entregue por falta de controle a respiração afogada. Encostei minhas costas numa parede suja para fitar em você alguma coisa que também estivesse em mim, mas onde estávamos em nós mesmos? Um no outro? Qual o tamanho dessa busca? Fui ao teu encontro. Não senti meus pés, porque já não sabia se eram os meus ou os seus que me sustentavam. Não senti meu ar, porque também já não sabia se era o seu oxigênio ou o meu que me fazia viver. Deixei sem direção minhas mãos, por assim levar no escuro o líquido que nos juntou numa mesma carne. Tenho uma voz que precisa sair, minha inquietude tem fome por sua pele; por sua pele inquieta. Um dia direi às estrelas de seus olhos que a calma tem a suavidade da sua língua cravada no meu calor. Agora deito sem saber o porquê de tantas palavras, se eu podia apenas deitar sabendo que está chovendo e que sem você não há mais necessidade de vida.

(Teresa Coelho)
18/06/2010

Um comentário:

  1. "Fui ao teu encontro. Não senti meus pés, porque já não sabia se eram os meus ou os seus que me sustentavam"
    tão lindo Têco,pleno e sereno...

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