sexta-feira, 30 de julho de 2010

Um Gosto

Abri a porta dos meus olhos. Peguei a fobia dos nossos beijos dentro do chão.
Do chão que eu senti tremer por já não aguentar proibir a passagem do amor.
Seu corpo se forma como uma lembrança, como um quadro que atrai pessoas de verdade.
Ele desliza nas pontas dos meus dedos; meus dedos aprendem a andar nessa estrada branca, macia e doce.
Espero todos os dias poder sentir o gosto do cigarro e da pastilha que transborda de você.
Me afogo nos gestos explícitos da sua face. Seus movimentos me prendem dentro de nós.
Preciso me perder na sua bagunça, porque me sinto tão organizada de vazios concretos. Acelera minha vida
no que te deixa calma. Embriaga nossas músicas em sintonia de solidão... Encontra você sozinha dentro de mim.
Nossa liberdade quer gritar e ninguém tem o direito de ofuscar o nosso grito, nem o nosso amor.

Teresa Coelho

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Diz

Diz-me o que é que tem de tão penetrante nesse teu sorriso desconhecido?
Você é a loucura desconhecida que se encaixa na minha inexatidão de ser.
Preciso tocar sua pele e deslizar meus sonhos no seu corpo...
Cintilar nos seus gemidos e observar a calma do seu cansaço...
Meu encanto de mistérios, me diz com quantas palavras posso lhe afetar?
O perigo que rodeia o que ainda não aconteceu, me entorpece a querer gritar por você...
E grito. Peço permissão para entrar na sua vida...
E beijar o seu todo, sufocadamente a cada segundo, do qual, esqueceremos de pertencer ao resto do mundo...
Pertencer a você uma única vez é suficiente para ficar dentro mim, em constante lembrança, o que me fez mais feliz em tão pouco por um logo tempo...
Preciso dos seus olhos para enxergar a estranha que existe em mim...
E quem sabe um dia, do seu amor, para entender como se faz para viver...
Para viver você em mim.

Teresa Coelho
23/03/2010

You gave me a reason

Olhei para trás de mim, dos meus pés, das minhas costas doloridas. Nada pude fazer, nem nada pude sentir se eu não quis sentir mesmo. Quero esquecer a exatidão da morte juntamente com a escuridão que ela se mostra e a inexatidão da vida com a clareza que ela me mostra. A clareza me encandeia. Qual é a condição decadente mais próxima de duas pessoas? Estou próxima sem estar. Vamos correr, vamos correr... Então, quem se cansou de correr atrás do próprio cansaço? Nunca me canso de me cansar. E quando ouço sua voz, é como se explodissem milhões de fagulhas na minha barriga, é como se eu perdesse a respiração dentro de suas pernas, é como ser prisioneira da ausência do tempo, do que é certo ou errado, do que faz bem ou não. Tento suspirar aliviada, mas essa voz escalda meu corpo, entorpece e revira o que tem dentro dos meus olhos... Não adianta acordar pela manhã e esquecer o que me faz feliz. Por isso eu não quero o alívio, nem a paz, nem o descanso. Preciso da incessante guerra de veias pulsando desordenadamente, do meu coração batendo nos ombros, do silêncio entre gargalhadas mudas e mãos derretendo. Necessito acordar sem pensar que será só mais um dia. Não quero me encontrar jamais; se encontrar é achar alguma coisa e só. Depois o que vem? Quero permanecer perdida. À procura de tudo o que nunca tive ou deixei cair enquanto corria. Você me deu uma razão. Por enquanto não quero descobrir o que é ou o que faz, mas sei que é um motivo e poderá futuramente ensinar como se fabricam asas de anjos que não caíram do céu.

Teresa Coelho
15/07/2010