terça-feira, 30 de agosto de 2011

Última de agosto

Não pude escolher o sol que iria brilhar por último quando todos se foram, e apenas as sombras entre duas camadas do ponto de partida puderam me escolher: a distância delas. Você vem depressa só para dizer “vá com calma, porque além de tudo, o nada não existe mais’’; mas é você, é você que não está sabendo existir além desse nada. Quando estivermos dançando entre o mesmo líquido que geme dentro da pele, não me deixe sair mais, deixe que eu morra no mesmo fluxo, do mesmo fluxo... Absorva! Eu não quero parar só porque tudo parou, eu não termino onde você se desfez de mim. São duas distâncias, e é esse o fim de uma história paralela: não se tocam. O que terminou foi minha projeção, a música continua... E eu vou voltar para dizer que ‘’eu fui com calma, porque além do nada, o tudo não existia mais”.

Teresa Coelho
30/08/2011

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Vem

Eu que não sei nem a metade do que você gosta de sentir, mas hoje queria saber o que faz o seu sorriso nascer. Queria descolar o suor da sua pele dentro do meu corpo, e todos os nossos fluidos, guardar na essência que tem o seu cheiro. Cola teu destino na minha porta, eu perdi a chave desde que você apareceu sem motivo na minha vida. Apareça sem nada, eu quero ter o seu colo para curar o nosso coração. Eu posso colecionar o azul se isso lhe fizer feliz, eu posso ser azul para lhe fazer feliz. Vem ver o sol, as pessoas, as flores, a chuva, os pássaros, o tempo passando, comigo. Me deixa apertar sua mão e beijar o encanto que você esconde. Vem de repente, sabendo que eu estou lhe esperando.

Teresa Coelho
22/08/2011

sábado, 13 de agosto de 2011

Desfiz o laço

Desisto de colorir esse azul tão sem graça, seu laço é frouxo, não há delicadeza quando você desvia o olhar para mim, não há sequer eu, nesse olhar. Farei de mim objeto de uso cortante, que bebe sonhos em volúpias, soluçando e desacreditando de sonhar. O que há de errado em ser por inteiro sempre a metade de alguém? Deixa-me lamber o espelho que lhe quebra a verdade. Mas é isso que eu me sinto: pausas que doem. E não há mais nada que me faça prosseguir, assim sem pausas, só com meu coração batendo solto, e meu.

Teresa Coelho
12/08/2011