quinta-feira, 28 de julho de 2011

Nudez sob o céu

Achei que pudesse transpassar a vida que separa o reflexo do vidro
Fomos duas peças intransitáveis no sol
Sob o sol só as promessas nuas sobrevivem...
Tentei encontrar dentro do amargo o que se foi enquanto eu desenhava meu medo
Tentei colar nossos medos...
O abandono suposto do beijo borrou o desenho
Desenho que nunca escapou de sonhos...
Escapa rabiscos de sal e dor dos meus olhos
Só eu fiquei nua sob o sol
E sob a chuva...
Meu fardo é não saber dançar enquanto você se despoja leve no céu...
Ofego, ofego, ofego...
Até que falte ar e libido
Vou ofegar minha vida alimentando meu coração novo e cansado...
E até que haja alma para despir
Espojarei meu caos de estar completamente nua sem que ninguém perceba...
Porque ninguém quer perceber quando o que se oferece
É um pouco de paz, problemas e amor.

Teresa Coelho
29/07/2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Pedaço

Acordo desmanchada por fora, por dentro é quase uma falta de tinta. Acabaram-se as misturas, o colorido, o tecido. A espera é muda, mas você sabe que eu estou gritando, só você sabe o quanto eu continuo gritando... Estar em lugar nenhum é estar correndo atrás e através de mim, não há ponte que me ligue à concreta, absoluta e transparência leveza. Sou pesada por estar viva. E esses pedaços que vão decompondo o amor talvez não precisem mais de você, precisem de mim. Mas eu, onde estou? É como se eu fosse sumindo sem ser mais minha... Um pedaço a parte, um pedaço inteiro em pedaços.

Teresa Coelho
01/07/2011