sábado, 22 de junho de 2013

Passo livre

Estou tão aliviada de não ter o cabelo solto ao vento
Meu rosto vazio da tinta que escorreu
Pelas ladeiras amarelo mijo
O rádio esgoto sintoniza
A chiadeira de um final de tarde
Ao lado de quem não te ama mais
Passam os prédios
Dentro das janelas que piscam
Aos fantasmas embriagados
Passam os pássaros
Dentro de gaiolas
Que libertam as mãos dos que pedem
Comida ou uma foto histórica
Passam casas
Dentro dos vidros dos carros
Abafados
O suor é o perfume da cidade
Sutilmente o céu (des)aparece
 Enquanto eu volto a escrever
Sobre coisas que eu finjo
Que nunca vou entender.

(Teresa Coelho)

22/06/2013