terça-feira, 24 de maio de 2011

Restou

Meu pranto é não saber esquecer que toda essa história já findou num desencontro amargo no qual só o meu desespero ainda te procura. Há você nas coisas mais repartidas da minha vida, enquanto nossos corpos seguem por marés opostas, eu piso descalça na areia que afunda minha roupa, mas deixa flutuar toda mágoa. Enforco o perdão estendido nos seus últimos carinhos e me sufoco sem perdão por não te perdoar. Valsa triste a dos corações que desatam sem chorar. Meu disfarce é o tempo, minha nudez é todo o resto.

Teresa Coelho
24/05/2011

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Não vai mudar

O sal que escorreu no meu rosto ficou compactado nessa linha que me separa de você, eu não consegui limpá-lo. Você me dói como quem desconhece a própria dor. Tão longe e tão perto de mim, que sempre vivi com essa angústia infinda, minha boca perde o rumo lembrando a tua acidez. Já fui a becos, botecos, tráfegos procurando alguém que, mesmo distante, me deixasse nesse estado de estar completamente sufocada de amor. Acompanho calada ao que se passa na vida, às vezes choro, grito, berro, mas não quero ninguém comentando que eu não me importo com nada, além de você. Não importa se tem uma cratera no meio do mundo matando os seres humanos, se dentro de mim há outra maior e pior que, não mata, mas inibe minha vida. É que eu não sei me declarar sem dor. Vai passar, mas eu queria muito você para ouvir respirando, guardar o cheiro, confessar baixinho que esse amor é prá sempre, observar as mãos sem nenhum motivo, abraçar e fugir de tudo. Aliás, essa noite você poderia pelo menos fingir que também pensou em mim e queria me dar boa noite.

Teresa Coelho
13/05/2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nostalgia

Saudade de sorrir sem pensar no que tem dentro do coração.

(Teresa Coelho)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Todas as cores

Teu corpo suado no meu corpo nervoso, que corpo que corpo? Tudo se limitava no cubículo que cabia ao tatear desenfreado das mãos agonizantes e o medo de cair, cair uma dentro da outra. Dimensão. Pausa. Silêncio. Não pude voltar a mim desde que não saí de dentro dos teus lábios que esmurram minha frigidez sem graça, me perco envergonhada no teu cheiro. O jeito que tocou minha palidez foi sublime, nossa timidez não teve cor. Mas quem precisava das cores quando se tinha só a tua cor? Quem se importava se o céu estava lá ou não? Ele já estava submerso em cada poro que se arrepiava... Eu era cada poro e você cada arrepio. Nossa pele, num futuro amor.

Teresa Coelho
02/05/2011