sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Afinal, o céu

Afinal, para que lado fica o céu? É fora ou dentro da gente? Subindo ou descendo? Se as estrelas não estão no céu, para que serve o céu? Por que quando a gente fica de cabeça para baixo o céu não muda? O que muda? Por que está todo mundo mudo? Se ele não existisse, qualquer outra coisa também seria céu? Onde vão parar as estrelas enquanto a gente não sonha? Afinal, não gosto de falar sobre o céu, mas hoje, ele tornou-se a única companhia que faz sentido não entender.

Teresa Coelho
28/10/2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Barco

Em mim não há a parte limpa que teus sonhos buscam; nasci com a realidade prostrada pedindo por compaixão. Já conheço as dores, as partidas, e cada palavra que nunca proferi por saber que alguém sempre iria colocar meu coração do avesso, só por ser eu a única opção, dentre os vultos, que não juraria amor eterno. Sou um barco velho que repintaram para nunca mais atracar no tempo. Sou feita de silêncio, e não há encanto no silêncio para quem procura a beleza macia, mas sou intrínseca quando flutuo sobre teu corpo e crua quando teus sentimentos buscam ser reais sobre o meu.

Teresa Coelho
25/10/2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Etil-fenil-amina

Vejo o tempo encobrir teu rosto; quantos amores tu tiveste antes de desembargar em meu corpo o teu destino já grisalho? Não é o fardo que aniquila meu cansaço, é a contração dos meus seios nesse encontro breve, e eterno, sobre tuas costas. Definha na luz tua acidez branca, não obstante, colo minha língua no sal das tuas pernas. Sou tua, e não só tua como também de uma parte que se esvai do teu sorriso quando não existo a ti. Tua como a parte toda que te quer para refazer o sol esquecido na memória ferida de nossos azuis passados. Só tua, e não mais que tua.

Teresa Coelho
07/10/2011