sábado, 16 de junho de 2012

Fantasma


Moça, você ainda não se foi, moça?
Vá embora, vá
Estendi seu vestido branco e verde dentro do escuro
Está tarde para recordar, moça
Sei que você não me ouve
E eu nem mesmo existo, moça...
Olha, tocarei em sua porta dia desses
Só para olhar de longe
O feitiço da sua pele
Prometo não levar flores nem vou lhe acordar
Mas acorda, moça...        
 Ô moça,
Você ainda me dói!
Deixe estar
Fique apenas com o as flores
Adeus.

(Teresa Coelho)
16/06/2012 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Noite

Desde o primeiro rompimento
 Entre as peles secas
Na saliva, nas unhas e nos músculos
O desassossego de duas almas
Amando-se no desencontro do tempo
De encontro ao mesmo sexo
Destravam os gritos dos corpos
Fotografando o nu em fogos de artifício
Numa única cena de todos os demônios
 Expurgados da carne
Como arrepios nascidos dos dedos...
A noite come os delírios
Que a minha poesia geme.

 Teresa Coelho 13/06/2012

terça-feira, 5 de junho de 2012

Perdoe-me a confusão

Tentei pedir perdão pelos dias que acordei e não coloquei meus pés no chão, mas havia tanto engano e tantas palavras que me separavam de estar viva, e sobre meus pés. Pedia todas às noites para que o céu não fosse infinito como dizem nos livros; era tão insuportável imaginar algo que não tivesse um fim, doía-me a falta de ar, no mais, o sono sempre conseguiu ser maior que o céu e qualquer outra coisa que desviasse meus sonhos. O sono às vezes parece aliviar esse cansaço precoce de preocupar-se com tudo, quando se é criança. Todas as vezes nas quais o chão tocou-me os pés, percebi que aquilo era concreto, e voar já não seria mais interessante, porque ao tocar o chão, senti em mim muitas mulheres esperando seus pássaros serem soltos. Que triste é atirar-se mulher sem ser, nem que por um dia, milhares dela! Arrependo-me por esta noite de não estar sentada num canto escuro, confessando minha angústia com o peito nu, soltando pássaros que querem andar. Teresa Coelho 06/06/2012