sexta-feira, 14 de maio de 2010

A vida e as Flores

A última vez que eu vi flores avulsas, minha respiração tinha parado. Elas pararam de amar o pólen e a vida parou de fabricar cores. Intercalei meu sangue nos arbustos desenhados em paisagens mortas e peguei estrelas com as pontas de meus dedos. No entanto chega. A natureza me dá náuseas, é tão poluente de coisas que nunca mudam, fartei-me da mesmice. Mais tarde tentarei conversar com a minha febre, ela me dá novos mundos, mas não, não direi novos mundos, porque tudo o que criamos é como se já existisse de alguma maneira dentro de nós. Eu conheci um anjo. A felicidade agora tem a cor dos seus olhos castanhos, o vento tem a forma de seus cabelos e a vontade de sorrir tem o gosto do beijo... Essa tarde eu sentia falta de olhar pela janela, só que já não me importa ver a vida do lado de fora, quando ela começa a acontecer dentro de alguém que é mais amor e vida do que a própria vida que levamos sem perceber, sem acreditar. Pularei de um penhasco com os olhos fechados, porque quando chegar lá em baixo não lembrarei que a vida vista de uma janela é mais fácil de conviver, quando tudo que se tem são beleza e solidão. Eu quero ser de verdade.

(Teresa Coelho)
14/05/2010

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