sexta-feira, 7 de maio de 2010

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Inventei de me descobrir por dentro e acabei perdida nos extremos da minha pressa...
O jardim está desfalecendo tão rápido...
Faz dias que não vejo borboletas voando distraídas...
O que me distrai?
O anseio me destrói...
Nada me leva e nada me deixa.
Por onde fico então?
Dê-me a fórmula do arrependimento...
A solidão me envenena, suspira poeira pesada...
Suja-me de terra e depois me enterra.
Ela resfolega minhas preces e me implora para não abandoná-la...
E ordena a exumar suas escarnas com meus pecados...
Machucando contra eles...
Ouvi dizer que viriam logo cedo, depois da meia vida...
Não veio ninguém, eles têm medo dela...
De mim?
Foi a última vez que eu os vi...
Estavam sentados: eles, a solidão e as borboletas.

(Teresa Coelho)
07/05/2010

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