O mar acordou cinza, como se alguém houvesse ateado fogo no
céu e tivesse chovido lampejos de estrelas mortas. Noite passada, o calor foi
quase mortal, as únicas partes frias da casa eram o escuro e o meu coração – o frio
era para ser branco. Vaguei inquietamente pelas paredes, esperando que qualquer
rosto atravessasse aqueles tijolos velhos para enxergar meus olhos
despedaçados. Você tira fotos de rostos ausentes; seu amor é tão distante de
quem eu sou. A solidão é o egoísmo da alma? A paz é o disfarce do nosso abismo?
Ninguém bate na minha porta. Que horas são? E você nem ficou quando o café
esfriou, mas já anoiteceu, e amanhã poderá fazer sol.
(Teresa Coelho)
02/12/2012
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