domingo, 2 de dezembro de 2012

Casa nova


O mar acordou cinza, como se alguém houvesse ateado fogo no céu e tivesse chovido lampejos de estrelas mortas. Noite passada, o calor foi quase mortal, as únicas partes frias da casa eram o escuro e o meu coração – o frio era para ser branco. Vaguei inquietamente pelas paredes, esperando que qualquer rosto atravessasse aqueles tijolos velhos para enxergar meus olhos despedaçados. Você tira fotos de rostos ausentes; seu amor é tão distante de quem eu sou. A solidão é o egoísmo da alma? A paz é o disfarce do nosso abismo? Ninguém bate na minha porta. Que horas são? E você nem ficou quando o café esfriou, mas já anoiteceu, e amanhã poderá fazer sol.

(Teresa Coelho)
02/12/2012

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