domingo, 2 de dezembro de 2012

Teatro experimental de domingo


Primeira parte: Acidentalmente uma introdução

Uma casa numa rua escura, com pouco movimento e alguns fantasmas. A casa é mal pintada, velha, e, às vezes flutua no submundo dos medos – enquanto uma pessoa chora, outra pessoa está fazendo sexo com um desconhecido – apenas uma nota para acrescentar na entrada perto do portão, mas não pulemos as etapas. O portão é enferrujado, mas o sangue na maçaneta ainda está quente.

Segunda parte: A solidão é concreta

Dentro da casa revelam-se os figurantes: uma cadeira sem encosto, um colchão mofado, um ventilador com muriçocas mortas, uma televisão fora do ar, um sapato molhado, latas de cerveja, pontas de cigarro, parede derretida, luz colorida meio escura, alguns zumbis que passam no reflexo do espelho quebrado, um copo sujo de batom vermelho, uma pia com vazamento, sonhos sem dono, geladeira vazia. (Observação: percebe-se o chão um pouco fora da realidade, nascendo ao contrário do sol).

Terceira parte: Personagem de caráter patético

Posição da personagem indefinida no cenário. Sem postura, o olhar nunca é intenso, deve sentir-se olhando para o buraco de uma fechadura que, por azar, tem uma chave – certo mistério cansativo. O sorriso vai brotar quando não souber o que falar, mesmo sendo escrava dessa casa, ela vai ter que sorrir, porque a rotina emperrou sua espontaneidade. Ela tentará gritar, mas algo reprimirá seu desespero, como se incomodasse o mundo com seu jeito exaustivo de expressar o que sente.  A personagem tem um perfil comum, e sendo assim, não será preciso investigar sua relação com o resto do cenário nem tampouco com o resto do texto ou da vida. Talvez ela desmanche-se perto do colchão mofado, para que não percamos tempo com um final evidente de tragédia cotidiana.

Quarta parte: Análise sobre a mente

Não é permitida a entrada de personagens fictícios para não perturbar a autora do texto – e ação!
- Corta!
(Teresa Coelho)
03/12/2012

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