segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Coração antigo


Ah, se eu invento de escrever sobre meu coração antigo,
Meus olhos vão fechar-se por um pouco mais de cinco segundos,
Hei de sentir os vultos que perseguiam minhas costas.
Não sei mais por que eu rezava todas as noites,
Às vezes, adormecia no ‘’Santo anjo... ’’, às vezes, acordava
Para recomeçar tudo, como se algo de ruim pudesse acontecer-me.
Hoje, não consigo mais rezar, então penso que nada importa muito,
Porque posso abrir uma garrafa de vinho e morrer antes de bebê-lo -
A garrafa despencaria no chão, os vidros se despedaçariam,
A terra beberia o vinho assim como comeria meu corpo.
Se amanhã chover, certamente vou querer algo para amparar-me,
Ficarei enferma, o tédio escorrerá sobre a vidraça,
O frio atingirá cada poro do meu corpo,
E, raramente, alguém se lembrará de seus primeiros anos...
A alma não tem lembranças, mas há sempre algo que permanece,
Algo que fica intacto - tornam-se lembranças das lembranças...
Um lugar onde todos ainda estão vivos, seus brinquedos estão novos,
Sua mãe é algum tipo de anjo, seu sorriso floresce outros sorrisos,
Seus pés podem voar quando a solidão ainda não significa solidão.
Aprendi com o tempo aquilo que o tempo não me ensinou,
Nunca saberei quando meu coração parou de crescer,
Pois, desaprendi com a vida aquilo que o tempo me ensinou.

(Teresa Coelho)
27/11/2012

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