quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Na medida em que eu tento exagerar, é como se esmagassem meus olhos. Essa incontrolável sensação de estar perdida pela metade sufoca. Queria que o mundo tivesse uma tangente concreta e eu pudesse andar a procura da minha outra metade em cima dela.
Alguém faz minhas mãos ficarem totalmente gélidas e mortas, enquanto o resto do meu corpo queima, transpira... Derrete! Por que as mãos? Qual seria a parte dessa história que não faz sentido? Mas elas têm o meu cheiro...
A partir de hoje quero brincar de ser vento. Sim. Voar. Não, não! Quero ser anjo. Porque o vento por si próprio não é concreto, é vento. O anjo ele voa e pode ser puro, mesmo o mais feio e desajeitado. Será sempre anjo. Mas ser puro é ser concreto?
Mais tarde quando eu voltar a dormir, adivinharei as cores de todas as pessoas que amam olhar. Olhar no espelho, fixamente, e conseguir formar um rosto desconhecido e tão misterioso quanto à própria arte de olhar... Você acredita em lágrimas suspensas?
Eu acredito. Porque faz tanto de uma vida quanto de outra vida perceber essas elevações... Acredito também que só posso me arrepiar com algo que realmente conhece pessoalmente a minha alma. Você me conhece, no entanto não me arrepio...

(Teresa Coelho)
2009-11-06

Nenhum comentário:

Postar um comentário