sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Incompleto

Cada pedaço cadavérico do que eu sinto, faz desse caminho um encanto por cegueira estraçalhado pelos pés e engolido pelo cansaço do meu ombro; o céu está aberto... Sangrando nuvens roxas e estrelas repartidas, enquanto a outra parte das estrelas inspira fugir dos nossos olhos. Elas não querem olhar como um último suspiro de alguém feliz antes de voltar prá lama. Nessa imundície eu choro com minhas fitas vermelhas caindo do cabelo, a roupa surrada, minhas mãos ressecadas, meu cheiro de corpo escondido, minha inconseqüência contínua, a desordem dos meus sentimentos, o impulso dos meus dias... Os meus quinze anos vazios de alguma coisa que ainda não desvendei, arranham meu coração e tapam minha boca o tempo todo em que eu estou comigo mesma. Esse pó que cai do céu enquanto escrevo, é o mofo das nuvens, é o sol em farelos de agulhas pequenas, feitas por raios luminosos que me penetram a consciência, deixando pesada, pesada, pesada... Meu rosto sereno se desmontou. E quanto vale a calma quando nosso corpo quer espírito?

Teresa Coelho
06/08/2010

Um comentário:

  1. Tão tão bonito e forte o que a senhorita escreve aqui..toda revolta é bendita,todo conflito é doce quando escrito na hora do parto...vc tem transformado a dor em verso,em metáforas,tão puras quanto teu coração...
    seus 15 anos são infinitamente cheios..cheios de poesia da melhor qualidade!eita orgulho danado!farei uma poesia em breve em resposta a essa..por enquanto deixa eu aqui só caladinha mesmo...refletindo sobre as tantas coisas juntas numa só estrofe que vc teve a maravilhosa petulência de escrever!rsrss
    beijossss

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