sábado, 28 de agosto de 2010

Exposto

Parece que minha vida cresce para dentro, se enraizando na minha genética enlodada, primitiva, crua e ensangüentada. Minha visão ressecou por esses dias, foi tomando forma de ardência molhada, molhada da urina que escorreu incessantemente pelos meus olhos. Não é cedo para conhecer o que faz sentido. Ai! Parece que viver rasga um pouco nosso lado esquerdo... E continua rasgando. Minha cabeça gira, gira, gira, não para de girar enquanto você grita comigo, enquanto você descostura a paz remendada. Faz café fraco de manhã e bebe morno prá esquecer que tem o resto do dia para pensar no que eu me tornei... Mas é o que eu sempre fui. Porque procuro no mundo o seu abraço e acabo machucando meus braços de tanto me abraçar; é vazio. É frustrante. Cada pedaço dessa casa desmonta quando nossos olhares se cruzam. Dá medo tocar na minha essência? Dá nojo saber que essa verdade toda é minha própria vida? Falta força para chorar perto do seu abrigo, que já não me ampara de laços indeléveis e beijos quentes. Nossa relação virou adeus todas as manhãs. Eu estou me despedindo agora, minha dor não é mais virgem.

(Teresa Coelho)

Um comentário:

  1. caramba...parabéns é o que posso dizer por saber transformar tão bem teu sentimento de dor em música,em poesia bruta,poesia forte,tuas metáforas estão cada vez mais absurdas e fulminantes...teus passos estão cada vez mais seguros das palavras que te comprimem,eu passei por muitas em minha vida,está tudo comigo,em meus caderos,em meus abrigos soterrados.A única herança universal,o único bem que pode-se dizer amor condensado é este líquido que nos sai naturalmente derramado em rimas,em imagens surreais,em desmaios coletivos,guarde bem suas palavras elas sim são eternas. te amo muito

    nunca deixe de escrever!nuncaaaaa

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