Os olhos cansados eram os faróis daquele trem. Os trilhos
enferrujados escondiam o escuro por trás do penúltimo vagão, onde a poeira era
misturada às cores artificiais das lágrimas. Lágrimas simulam nosso corpo
transcendendo. Perdi-me quando não consegui pular para fora dos trilhos – era o
último trem da minha história. E só pude lembrar quando já não havia mais tempo
para fechar os olhos – como numa arrebentação súbita – o trem não mais fazia
parte daquela estrada, ele era eu com os seus olhos vagos, que iam além da
vida.
(Teresa Coelho)
27/03/2013
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