domingo, 22 de julho de 2012

Maria


Naquele quarto frio, teus lábios se fizeram de quina para uma esquina cega. Explodi na tua boca, enquanto o tempo levava minha voz para longe da tua casa de vento. Cerro a lembrança de tuas costas como um movimento contínuo de olhos vedados à procura da luz branca, que une todos os músculos à alma. Estado líquido de espírito, estado ausente - estar ausente. Sobras de um coração sorrateiro e restos de luz, que o final da tarde interrompe para projetar a ilusão do pôr do sol e dos beijos em farrapos. A Maria do quarto frio tem a desordem de sua vida como uma porta que nunca precisou ser fechada, pois era livre por dentro.

(Teresa Coelho)
22/07/2012

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