sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

De novo e sempre

Tenho medo do que pode mudar ou do que pode não mudar, mas ter medo já é uma mudança. Acende na gente essa percepção de que é preciso correr sem os pés e tropeçar no amargo da nossa estrada. Eu estou com medo, e não tenho vergonha. Porque há em mim duas pessoas: eu e meu coração. Esse eu, essa carcaça envolta a genética meio suja, suja da ausência fraternal. De que servirá o mesmo e novo brinde? O tilintar das taças é como romper no tempo algo que foi unido pelo coração. E tudo se confunde, mistura: os sorrisos, os brindes, o pulsar de cada órgão, os abraços, os olhares, nossa respiração, o novo. O mundo está envelhecendo sem saúde, interrompendo todo e qualquer detalhe vindo do céu. A mudez do céu é o reflexo da terra gritando. A paz mora dentro do orvalho das flores. O novo que não sabe envelhecer, não trará felicidade nem tampouco descanso. Estão confusos e ultrajam couro de borboleta, pois não sabem soltar as asas. A partir de hoje, deixem livre as asas de suas borboletas e sejam mais que um ‘’eu’’ e um ‘’coração’’. Unifiquem, voem, renasçam.

Teresa Coelho
31/12/2010

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