sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Anoitecer

Onde está o sepulcro do amor? Eu cavei a noite toda procurando pelo ar que fica entalado na minha dor. Não quer sair, não posso voar além do que você quer que eu seja. Não suporto mais levar minhas lástimas para sua vida nem levantar da vida algo que ela não quer me dá. Meu corpo permanece ínvio, meu caminho não é mais nosso, e o céu ficou incinerado depois de eu ter olhado. Doei os meus sonhos dentro de uma caixa furada. Renuncio a partir desta noite a emoção, mas é só por hoje. Meu abraço corre desprotegido, meu beijo desliza constrangido, meus poros pararam de respirar. Onde está a rima, o ritmo e a fantasia de viver? Naufraguei em seus olhos o tempo, a paz e a bagunça do silêncio, do brilho, do amargo... Meus aplausos esgotaram tanto quanto o por do sol que não vejo mais ao seu lado. Mas não é importante sair à procura da nossa cura, afinal, isso foi só um desabafo do anoitecer com estrelas, ventos, sorrisos soltos e sua ausência.

Teresa Coelho

2 comentários:

  1. Profundo. Você descreve algo que todos já passamos ou vamos passar: a dor do amor e os efeitos da ausência da pessoa amada.

    Gostei. Seu blog foi recomendado via formspring por uma amiga sua. Se quiser e puder, visite o meu e dê sua opinião.

    www.lollity.blogspot.com

    Obrigada!

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