quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Domingo à noite chovia


Refaço a cama com esses panos empoeirados, e depois de mais um dia com a mesma dor nos ombros e o peso nos olhos, descubro que arrumo a cama para a solidão. Por dentro, eu durmo no chão, na parte dura e real da vida. Eu cubro a solidão, vigio seu eterno sono, amando-a num infinito de muitos ''eus'', que mesmo sendo meus não me pertencem mais. Sou escrava da minha melancolia, sou escrava de mim porque nasci e não pude ser diferente do resto do mundo e das pessoas más. Envelhecer me custará rever toda a minha cegueira e continuar cega. No mais, alguém terá que arrumar a cama, alguém terá de viver, e estou em pé esperando pelo menos que, enquanto os lençóis ainda estiverem bagunçados, é porque a vida também terá algum sentido em si, assim como os panos desfeitos de uma cama sem dono. 

(Teresa Coelho)
10/01/2013

2 comentários:

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  2. A solidão, por mais que a cante uma canção já esperada e tediosa, que a deixe aconchegante e segura depois de um dia cansativo. Ainda sim insiste em ficar acordada, apenas pelo puro desejo do tormento. Solidão é apenas uma pequena criança que nunca cresce, que é tão apegada a nós que não há quem separe. Mesmo quando estamos sem ela, a saudade nos arranca o peito como um feitiço e logo mais estaremos lá, novamente contando-lhe uma canção de ninar.
    Dá uma visitinha no meu blog.
    Beijinhos, MoonBy. ♥

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