terça-feira, 5 de junho de 2012
Perdoe-me a confusão
Tentei pedir perdão pelos dias que acordei e não coloquei meus pés no chão, mas havia tanto engano e tantas palavras que me separavam de estar viva, e sobre meus pés. Pedia todas às noites para que o céu não fosse infinito como dizem nos livros; era tão insuportável imaginar algo que não tivesse um fim, doía-me a falta de ar, no mais, o sono sempre conseguiu ser maior que o céu e qualquer outra coisa que desviasse meus sonhos. O sono às vezes parece aliviar esse cansaço precoce de preocupar-se com tudo, quando se é criança. Todas as vezes nas quais o chão tocou-me os pés, percebi que aquilo era concreto, e voar já não seria mais interessante, porque ao tocar o chão, senti em mim muitas mulheres esperando seus pássaros serem soltos. Que triste é atirar-se mulher sem ser, nem que por um dia, milhares dela! Arrependo-me por esta noite de não estar sentada num canto escuro, confessando minha angústia com o peito nu, soltando pássaros que querem andar.
Teresa Coelho
06/06/2012
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