quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Meio

Acordei meio parida, meio vivida, meio alguma coisa por completo. Deixei minhas roupas sujas no chão mofado do meu quarto, deu vontade de me deitar junto delas, de peneirar minha existência sem existir. Sobressaltei minha cegueira sobre as árvores e caí dura e rachada no chão, feito uma barata que não morre de tanto apanhar. Eu nasci pelo avesso da sensibilidade e está tudo tão bagunçado dentro de mim, que não consigo me mover nem puxar o lençol para me cobrir. Sabe quando a alma treme na palma da sua mão e não tem como você salvá-la sem deixar o corpo desfalecer junto? Ainda sinto minha pele gritando, ainda sinto o calor abrasivo das minhas mãos prendendo a verdade na boca, ainda sinto a fome dos aplausos exaustivos no meu estômago. A partir de agora é ter que ver o dia se acabando e misturar meu encanto, meu tormento, meus calos e minha eterna melancolia pendurados na minha espera melada de sonhos e saudade. O sol se foi.

(Teresa Coelho)
08/09/2010

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