quinta-feira, 4 de março de 2010

De dentro

Gosto de sentir o barulho do carro e de ver como as pessoas preferem adormecer...
Não me perguntem quando eu costumo deixar o sol falando sozinho das coisas que ele mesmo não sabe iluminar...
Você bebeu tudo o que tinha no meu corpo com uma acidez que brilhava na boca, me asfixiando de loucura...
Foi um terrorismo de suspiros...
Dessas mentiras ensaiadas na prévia de um amor, que nem mesmo pertencia a essa estória...
Você nunca existiu. Você veio de dentro, de dentro de mim...
Eu costumava lhe vomitar quando me sentia sozinha
Só que a minha alma é o nosso vazio que se mistura aos pedaços juntados da sua inexistência...
Imaginação tem gosto de coisa esquecida...
Imaginar é como comer um doce que não existe mais ou que nunca chegou a comer.
À medida que eu entorpeço minhas mãos na leveza das suas, uma vez apenas, explode na garganta uma fala entupida e cheia de falhas da uma vida disfarçada...
Não importa. Ninguém percebe quando tenho em mim exacerbadamente a vontade de ser.
E sendo, a verdade é que a sua face não se completa com o sol que se esquece de iluminar o começo da imensidão de cada palavra perdida em imaginações desprezadas e fracassadas...
E se... E se... E se eu realmente roubasse todos os delírios que deixamos cair por causa do barulho que vinha da nossa estrada, será que as pessoas continuariam adormecidas?
(Teresa Coelho)
04/03/2010

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