sexta-feira, 23 de julho de 2021

meu útero não sou eu

 

queria mãos atentas

sustentando /forte/

um balanço enferrujado

mãos sem medo

da queda.

 

filhos que nunca

me farão

a primeira

pergunta

filhos que nunca

tentarei encontrar:

dentro de armários,

embaixo da cama,

atrás da porta,

no meu reflexo.

 

minha filha nunca

me odiará

jamais terei a

resposta errada

nem a oração

dos viajantes

sem fim

 

na minha mochila,

nenhuma roupa ou fralda

de reserva

 

nem mesmo uma certidão amarelada

que te prove

— aquele outro jamais

voltará para mim.

 

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