sexta-feira, 9 de março de 2012

Essa coisa mofada

Eu me vejo no espelho e quase não sinto o tempo passar, mas escorre na minha veia alguma coisa mofada, e me sinto amarga como se tivesse envelhecido décadas antes de ter nascido. Eu nasci com uma parte torta, machucada. Vou ser sempre uma criança machucada de mãos dadas com uma canção triste. Por dentro há um êxtase de expressões, por fora, só um rosto feio e distante. Um falso amargo de um falso tempo, de uma falsa e interrompida felicidade. A carne é falsa, a pele é crua, é cru o sorriso, é falso quando eu corro à procura de mim. Procuro no reflexo vazio o brilho de alguma coisa, no fim deve haver a essência dessa coisa... Mas que coisa?! Eu sempre cito essa coisa perdida em mim, e eu nem sei se ela existe mesmo. Deve ser só mais uma desculpa para os meus lamentos. E no final, essa coisa termina sendo eu e todas as pessoas que perco na vida. Abrigo a esperança daquilo que nunca vai acontecer. E assim como esperar, escrever, para mim, é como nunca sair de um papel em branco.

Teresa Coelho
09/03/2012

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