sexta-feira, 16 de julho de 2010

You gave me a reason

Olhei para trás de mim, dos meus pés, das minhas costas doloridas. Nada pude fazer, nem nada pude sentir se eu não quis sentir mesmo. Quero esquecer a exatidão da morte juntamente com a escuridão que ela se mostra e a inexatidão da vida com a clareza que ela me mostra. A clareza me encandeia. Qual é a condição decadente mais próxima de duas pessoas? Estou próxima sem estar. Vamos correr, vamos correr... Então, quem se cansou de correr atrás do próprio cansaço? Nunca me canso de me cansar. E quando ouço sua voz, é como se explodissem milhões de fagulhas na minha barriga, é como se eu perdesse a respiração dentro de suas pernas, é como ser prisioneira da ausência do tempo, do que é certo ou errado, do que faz bem ou não. Tento suspirar aliviada, mas essa voz escalda meu corpo, entorpece e revira o que tem dentro dos meus olhos... Não adianta acordar pela manhã e esquecer o que me faz feliz. Por isso eu não quero o alívio, nem a paz, nem o descanso. Preciso da incessante guerra de veias pulsando desordenadamente, do meu coração batendo nos ombros, do silêncio entre gargalhadas mudas e mãos derretendo. Necessito acordar sem pensar que será só mais um dia. Não quero me encontrar jamais; se encontrar é achar alguma coisa e só. Depois o que vem? Quero permanecer perdida. À procura de tudo o que nunca tive ou deixei cair enquanto corria. Você me deu uma razão. Por enquanto não quero descobrir o que é ou o que faz, mas sei que é um motivo e poderá futuramente ensinar como se fabricam asas de anjos que não caíram do céu.

Teresa Coelho
15/07/2010

3 comentários:

  1. you gave me a reason to believe.
    (L)

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. "Você me deu uma razão. Por enquanto não quero descobrir o que é ou o que faz, mas sei que é um motivo e poderá futuramente ensinar como se fabricam asas de anjos que não caíram do céu."

    Tão lindooo isso!!!!!!!!!!tão!

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