quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Alvorada

Eu sou a violência das flores
Caí esturrando ossos que se quebraram dentro do vento
Serei a substância pela qual a minha mente está sendo (re) formada
Suspiram coisas que não me ouvem...
Inteirar-se é estar pleno do vazio
Vem pintar comigo a minha brancura, de branco mesmo
Que ninguém enxerga o exagero se for de perto...
Chegue perto e pise, pise mesmo!
Dentro da minha última alvorada despida de pálpebras apaixonadas...
Nossa idade anda íntima de tanta distância...
Anda distante de tanta intimidade...
E minhas mãos, estas que me são!
Pendem para a retenção desse destino, que será tocar a sua pele...
Quero-a viva de desejo por minhas mãos...
Renda-se a minha eternidade de desejo pelas metáforas embriagadas!
Minhas costas doem quando eu esbaldo o roxo das minhas mágoas...
Mas não são as mágoas que me doem, e sim o fato de tê-las a mim.
Que foram entregues por estranhos desvairados do amor
Prolongam a primavera desses espíritos que nos perseguem atrasados deles mesmos...
No entanto, a primavera é um estado emergente do espírito... Ela ainda é fria.
Ela também é agressiva com as flores, e distante com a verdade...
Vou dilacerando a alma que me resta pouco a pouco...
Devorando-te em devaneio de palavras e sangue que cospem o pecado da dimensão dos nossos segredos...
Acaba comigo, me derruba das minhas pernas...
Que eu não agüento mais andar no ensaio desse amor.

(Teresa Coelho) 05/12/2009

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